por Daniel André Teixeira'



Tudo estava combinado.
Depois do vai e vem que durou meses entre mensagens de Whatts'App a malta lá se juntou para um jantar de amigos. Era hora de rever o grupo. Cada um à sua maneira se preparava para ir rumo a uma noite de comida, copos e conviver com o pessoal.

Ele já descia as escadas com as chaves do carro na mão quando enviou aquela mensagem à namorada "Vou agora ter com o pessoal. Boa noite, até logo". Colocou o telemóvel no bolso do casaco e seguiu viagem.

Eles já lá estavam quando chegou, alguns já tocados porque a cerveja foi companheira de espera para quem chegou mais cedo, outros ainda estavam a recuperar a sola da sapatilha depois de subir a rua.

Eram as conversas do costume enquanto as horas eram preenchidas pela cerveja entre as rodadas pagas por todos. Os "como vai a vida" entre as piadolas de sempre e o típico "quero ver se vais lá fazer o filme àquela do balcão" para aquele mais fanfarrão. Eis que num relance ele pega no telemóvel. Três SMS recebidas. Do outro lado uma namorada sem resposta que urgia atenção entre o "espero que ao menos dês atenção aos teus amigos já que a mim não dás" e "sais aí com os teus que até te esqueces de mim" ...

Entre o álcool que o sangue já sentiu ele tenta pegar na sobriedade que o momento traz e tenta ligar, mas apesar de chamar só ouve o início do voicemail. Vez e vez sem conta, mas o resultado é o mesmo. Pouco tempo depois recebe mais uma SMS "agora já te lembras de mim, pensei que fosses diferente, mas afinal... fica lá com os teus amigos (e se calhar com as amigas). Já vi que não voltas cedo".

Ele sentiu o encurtar do espaço. Já não sentia o ambiente boêmio, descontraído e bem disposto que os amigos estavam a criar. Não estava a fazer nada de mal, ainda assim sentiu todos os possíveis filmes que a namorada estaria a fazer na cabeça e a missão de tentar que ela atendesse o telemóvel saía sempre furada.

A noite para ele acabava ali. Os amigos perceberam o sucedido e tentaram que ele ficasse mas sem sucesso. O comparça deles estava a ser levado. Cumprimentou todos e saiu com o casaco na mão enquanto o outro tentava mais uma chamada.

Ninguém sabe ao certo o que se passou depois. Se ela finalmente atendeu, se ele teve a chance de explicar e poder assim descansar a alma e se ficou tudo bem.
O que é certo é que não era preciso tal controlo na sua vida ...