por Daniel André Teixeira'



Falou-me de algo único. Quem me seduziu com a ideia bem me tinha avisado que Estrasburgo tinha um encanto natural nesta época natalícia. Tinha toda a razão do seu lado. É como se o Natal fosse criado ali.

Estrasburgo, ainda que coberta pelas nuvens onde o sol lá se ia mostrando entre o frio que o vento trazia, delicia quem pelas suas ruas passeia. Tem a sua magia própria.
O cheiro do vinho quente, as bancas a assediar as pessoas com tanto presente ou souvenir e claro todos os doces e gastronomia alsasiana (choucroute ou tartes flamblé) que fazem parar para matar saudades ou simplesmente arriscar uma nova experiência. Enquanto te vais aquecendo com um sumo de laranja quente e um bretzel a acompanhar passeias pelas ruas enfeitadas a rigor onde cada loja mostra ornamentos diferentes de como a magia do Natal pode ser bonita e te faz parar a cada dez passos para tirares uma foto.
A preponderância que a Catedral de Notre Dame tem dá a mão às várias bancas que em seu redor embelezam à sua maneira as ruas e torna apetecível todos os modos de captares aquele momento para a posterioridade.

À medida que a noite vai chegando vais percebendo ainda mais porque lhe chamam a Cidade do Natal. As ruas ganham uma segunda vida, as luzes e enfeites tornam-se protagonistas entre os cheiros da gastronomia. Torna-se difícil escolheres onde está a melhor decoração ... até veres a árvore. A imagem que ilustra este texto é a melhor das atracções. Uma árvore de Natal natural que, aliada à sua altura, é iluminada de uma forma soberba e te faz parar para que procures o melhor modo de a documentares. Em plena praça é ela a rainha.

A ideia que ficas quando passeias nas ruas de Estrasburgo durante a noite é quase como alguns dos contos clássicos fosses criados ali. Nas ruas de Petit France percebes que a Bela e o Monstro podiam ter sido trazidos à vida real tal é a parecença com o conto animado que se conhece. No fundo transmite-te a sensação de um pequeno escape àquela realidade mundana de confusão e rotina e é sem dúvida algo que te reconforta e fica na cabeça.

Falou-me de algo único. E tinha razão.
Quand je me souviens de Noël, je me souviendrai de Strasbourg.




Ele pediu-lhe um momento.

A oportunidade de lhe mostrar que era diferente.
Para ser aquele que ainda não tinha cruzado o caminho que ela criava como só seu.
A prontidão em forma de pessoa, preparado para lhe dar aquilo que ninguém antes fez.
Loucura misturada com determinação, pedido apenas o tempo para se mostrar a ela.

Pediu-lhe esse tempo no espaço para a encantar. Para ser o tal.
Ouvi-la, saber o que mexe com ela, os seus sonhos e tormentos, os medos e viagens de quem timidamente lhe dá a mão enquanto sorri com a tranquilidade que só ela lhe dá.
Pediu para entrar no seu mundo, como convidado de gala e espectador, enquanto ela se deixa levar no seu simples mundo que se funde a cada dia com as paisagens que vai carimbando com os seus passos.

Olha-o de um modo que o faz repousar, acreditar que está no sítio certo sempre.
Faz acelerar o tempo, corre como um louco, fazendo com que esse momento tenha de ser tudo o que ele quis, para que ela não perca nada do que tem direito. Aproveita a chance e procura o seu beijo, aquele mimo e privilégio que só a ele está destinado.

Ele pediu-lhe um momento.
Ela fez parar o tempo para que esse momento não acabasse.



Um momento a sós contigo.

Um passeio ao teu lado enquanto as nossas mãos se procuram.

A oportunidade de te olhar nos olhos e sentir a tranquilidade que emanas.

Uma chance de poder vislumbrar o teu sorriso que me torna melhor.

A suavidade de um abraço teu.

A sorte de quem toca no teu corpo enquanto te beija.

As pausas para ver o mundo só nosso entre gargalhadas, olhares e promessas.

O encontrar conforto nos locais onde paramos, como quem faz parar o tempo para nosso deleite.

Aquele querer desmesurado que a noite não termine.

Aquele último beijo de despedida com sabor a promessa que te voltarei a sentir.




Três debates e uma campanha eleitoral nos EUA cheia de momentos a recordar para a decisão de 8 de Novembro, na votação que decide o sucessor de Barack Obama.
Depois de ter visto os três confrontos e o modo de estar dos candidatos Donald Trump e Hillary Clinton, deixo aqui os ContraPontos sobre o assunto. Comecemos:


  • Este confronto pela Casa Branca é muito como no secundário entre o Bully e a rapariga mais responsável da turma: O primeiro usa a bazófia de quem "faz e acontece" e que manda no pátio acreditando que isso basta para mandar na turma; a segunda quer o lugar do poder porque pretende ser a mulher que muda um panorama dominado por homens;
  • Trump é desbocado, insolente, pouco respeitador, senhor do seu nariz e arrogante. Hillary é esposa de Bill Clinton. Quem diria que mesmo com esse poderoso "handicap" ela ia ser favorita numa corrida presidencial?
  • Tu sabes que tens tudo para vencer quando só tens de parecer mais competente que o teu adversário. Se Hillary pusesse uma figura de cartão no seu lugar nos debates ganhava fácil na mesma;
  • Perante a troca de ideias Hillary ambiciona ser a mulher que leva o país para a estabilidade e igualdade entre classes; Trump descobriu as palavras "ISIS", "México", "muro", "Rússia" e "China" e agora não quer outra coisa.
  • Se Trump ganhar os EUA serão governados por um bilionário excêntrico pronto a fechar fronteiras e a querer preparar a próxima grande Guerra Mundial e sendo feliz seja qual for o desfecho; Se Hillary ganhar o seu esposo Bill Clinton volta à Sala Oval onde foi muitas vezes feliz com os desfechos de Monica Lewinsky;
  • Hillary é acusada de eliminar emails importantes e de caracter nacional; Trump é acusado de assediar mulheres porque é famoso e acha que isso basta. Ou seja, ela pensa que é tudo para apagar, o outro só quer se não for a pagar ...
  • Ao início foi giro imaginar que um tolo sem noção da realidade podia realmente tomar conta de uma superpotência internacional. Mas depois percebemos que Trump estava mesmo a falar a sério e que até pensava ganhar. Aí o Mundo achou por bem parar com a graçola.
  • De momento os únicos estados dos EUA que não apoiam Hillary deve ser aqueles que têm os alpendres das casas com a bandeira das confederações, onde a malta mastiga tabaco enquanto limpam as carabinas e onde o mais inteligente da zona tem apenas quatro dentes e um chapéu de palha. Aí Trump tem pelo menos 4 votos (o resto da malta não foi à escola para sequer conseguir pôr um "X" no boletim);
  • No dia 8 de Novembro os EUA vão a votos e vão escolher entre um homem que já teve um reality show e uma mulher que aguentou toda uma novela quando o marido mandava no país.



Hoje aconteceu e só quem anda distraído ficava surpreendido com o que se vê nas notícias.

Podia ser uma manifestação tranquila, de um modo a que se pudesse ouvir as condições e o que o que transtorna aqueles que têm como profissão o taxismo e que vêem agora a UBER e a Cabify entrar em cena, mas preferiu-se outros instintos e já há motoristas dessas instituições a serem alvo de ameaças e ataques às suas viaturas. Não tem nexo uma manifestação se tornar uma guerra pronta a acontecer mal passe certas viaturas.

Deixam que o lado neandertal de certos taxistas sejam o comportamento de proa para a manifestação. Não há momento em que não se veja um ódio intenso e pronto a descambar em desacatos sobre outros que nada têm a ver com a manifestação e estão a fazer o seu trabalho. Um motorista da UBER não tem culpa que a profissão de taxista sejam subvalorizada na sociedade (fruto de um descuido e de um modo de estar quem pouco ajuda à dignidade digo eu). Não podem querer levados com seriedade quando mostram um lado de "feios, porcos e maus" e quando é visível uma vontade de querer destruir veículos da concorrência.

E marcham eles, de modo lento, mas desta vez sem o taxímetro estar a contar. Logo aí já é estranho. Uns tentam uma melhor apresentação enquanto se manifestam, outros pouco querem saber de aparências falando para os media (muitas vezes com aquele solene vocabulário de taxista saloio) ou fugindo das câmaras (dizendo um palavrão desse mesmo solene vocabulário de taxista saloio). Falou-se que esta seria uma manifestação pacífica ... e depois já não se falava assim. Uma pessoa liga as notícias e já vê carros da UBER amassados, motoristas barricados em estações de serviço e uma especie de "roubem os empregos dos outros, não os nossos" pelas ruas cheias de taxis que não vão a lado nenhum ... toda uma classe apaziguadora.
 Vai ser isto o dia todo, é o menu desta "manifestação".

A nível pessoal nunca usei a UBER, apenas conheço relatos de amigos.
Admito que poder fazer uma viagem dentro de um bom carro, estimado, com um motorista bem apresentado me parece algo que faria de bom grado, ao invés de no momento em que entro dentro de um taxi já estar a ser taxado quase quatro euros e nem arrancou do sítio.
É errado apontar vítimas. O taxismo está a ser alvo de uma imagem que foi semeando e denegrindo porque não tinha concorrência. Foi um estereótipo que se criou e que poucos não seguiram, e isso traz consequências. Ao ver que outros se chegaram à frente com uma outra apresentação eis que saem à rua e partem para a violência. Um passo estúpido e pouco pensado.
Mesmo que tanto a UBER como a Cabify ainda não estejam regulamentadas na totalidade o modo de "estamos aqui em paz, mas se passares aqui levas" é pouco louvável. Mesmo que se possa dizer que são apenas 2% que são arruaceiros que todos pagam pelos pecadores é essa a imagem de animosidade que estraga o sentido da manifestação e da "luta" como apelidam esta demanda.

Já agora, as outras duas entidades agradecem o aumento da clientela.


... de ser o que tu precisas.

... em ser o teu segredo.

... se tiver de esperar para te ver.

... se tiver de fazer calar o mundo para sentir a tua tranquilidade.

... de ser o teu encosto.

... se for eu o silêncio que te faz repousar.

... em procurar o teu mistério.

... se os momentos contigo parecem passar a correr contra um relógio teimoso em acelerar.

... se somar milhas percorridas a teu lado.

... em ser tonto para te ver sorrir.

... se for preciso te encantar todos os dias.

... se só tiver o teu beijo no momento do adeus.

Não me importo, desde que estejas comigo.


O destino por vezes é tão curioso que nos faz pensar se não faz mesmo sentido que assim seja.
A minha estreia no banco de suplentes num jogo oficial levou-me de volta a casa. Depois de começar esta aventura longe, num clube que gentilmente me abriu as portas e acreditou em mim, eis que o calendário mostra que o primeiro passo me levaria a estar perto de onde moro, num local que conheço bem. Que rica coincidência não é?

Ali estava eu, praticamente a dois quilómetros de casa, a criar o aquecimento para os onze titulares da equipa. Na bancada surgiam amigos juntando-se àqueles que mesmo não podendo lá estar me desejaram boa sorte. Do outro lado estavam os que apelidavam de favoritos, a força maior, os que nos viam como carne para canhão para posterior festejo de conquista fácil. De volta ao balneário juntamos a equipa. Entre palestra e silêncios íamo-nos mentalizando da façanha que queríamos atingir. O tempo de falar tinha terminado, era hora de cumprimentar a malta e entrar em campo.

Chegou o momento em que me sentei e ouvi o apito do árbitro. Já não era mais dali, abdiquei de qualquer orgulho que sentia do lugar onde morava, sentia apenas do espírito imbutido do símbolo do clube que me trouxe até ali, fundido com a crença de que era possível o melhor dos desfechos. Vivi cada lance e cada momento com a máxima intensidade como quem torce por fora pelos miúdos que bravamente eram David na batalha contra Golias. Era mais um, a querer desalmadamente chocar os locais e fazer parte de algo bonito para o clube que me deixou testemunhar tal momento e que veio de longe a sonhar com o triunfo.
Lutaram com tudo o que tiveram e o tempo ia passando mostrando que no futebol o estatuto diz pouco para desespero do tal favorito que não conseguia concretizar. E de repente ... GOLO!! Jogada fantástica que termina com a bola no melhor local. Saltei do banco a gritar em uníssono tanto com os outros treinadores da equipa como os jogadores que se congratulavam pelo feito criado. Estava ali o primeiro toque, a pincelada que mostrava que aquela tarde tinha tudo para ser mágica. Era tempo de contrarelógio mas também de mostrar o poder combativo que deixava claro que o golo não tinha caído do céu. Seguiram-se momentos de ansiedade e algum sofrimento mas sempre com o levantar do banco sempre que a nossa equipa ia rumo à baliza para ampliar a vantagem.
Apito final. Na tarde de 1 de Outubro David derrotou Golias.

Vencemos e que ninguém pense que caiu como um presente sem mérito.
Houve trabalho, entrega, vontade e estudo que levou a isto e é esse conjunto de condições que fez deste triunfo uma medalha. Fomos uma equipa em todos os sentidos. Admito o ego, aquando do estudo para este jogo quando aclamei entre amigos que nesta tarde que a equipa ia ser maior e vencer, mas depois do apito final o orgulho é maior pelos guerreiros que estiveram em campo e tornaram real a minha "profecia". Esta é uma conquista que traz honra, mas que tem de servir de motivação para o que ainda vem aí. Para aqueles que não acreditavam, que já apelidavam de jogo de "saco cheio" e que a nossa suposta pequenez era desvantagem fica o resultado, fala por si.

O destino por vezes é tão curioso que nos faz pensar se não faz mesmo sentido que assim seja.
Vencemos em minha "casa", na minha estreia, num terreno que conheço bem ... e não podia ter tido melhor sabor.




Belle.

Goût simple, avec petits plaisirs.

Regardez sereine, calme.

 Tranquillité entre lignes féminines.

Présence qui vous donne envie de rester.
Réservé dans le monde, femme de peu de contact, ouvre la porte au mystère.

Enchante sans effort, avec un sourire qui réjouit.

Il est décor, le contraste qui embellit le moment.

Vous voulez en savoir plus à ce sujet, parce que la magie vous tire naturellement.

Vous aurez seulement découvrir leur monde quand elle vous donne un coup de main.

Une beauté d'un autre pays, le tout dans une femme.

Quatro da manhã.
Quarto de Hotel conceituado onde nos corredores reina o silêncio.

Lá fora a chuva cai como cenário calmo, como uma música smooth que cria uma mística que te intranquiliza. Tentas ser mais hábil que a tua consciência, mostrar que está tudo bem e que não entendes o porquê de o sono não te chegar com a naturalidade de outrora. Começas a dança de quem entre lençois roda e volta à posição inicial como quem cria um tango a sós, sabendo que esse nunca funciona.

Aí chega o momento complicado. Tudo te surge: O que fizeste de bem mas que ainda assim não dás mérito, os erros que teimam em te atormentar, as batalhas onde foste fraco e saiste derrotado, as decisões que se fossem de outro modo te mostrariam outro caminho. Lutas contra isso. Saís da cama e procuras as tuas armas, mas nem mesmo aquele licor entre as roupas que trazes na mala num copo meio cheio te saceia a alma nem te traz o peso de uma noite bem dormida. As palavras de insignificância e de revolta enchem-te a cabeça, quase que pedes um recomeço, uma segunda oportunidade de um espontâneo acontecimento onde escorregaste perante a vida, ou onde simplesmente não foste capaz de ser o melhor que podias. 

Olhas para o relógio, já mostra hora de dia "fresco" e pronto a começar, enquanto tu ainda te reviras num encosto que devagar vai vendo a nublina de uma manhã entrar pelas fendas de uma leve persiana. Nem queres acreditar que a garrafa já vai a meio, já riscaste folhas sem nexo e que mesmo assim não venceste uma consciência que te quis bem desperto quando apenas pedias descanso merecido. Já consegues antecipar o toque do despertador, aquele mecanismo que acreditaste que te iria acordar em sobressalto e que só ia servir para pedir mais dez minutos. Desligas, afinal de contas ele esta noite não tem trabalho.

Voltas a levantar-te e procurar um banho que te amoleça o corpo, visto que a alma está ainda a viver a noite cheia de idiossincrasias de uma vida cheia de recordações.
Vestes-te e relembras que vinhas procurar um escape, mas desta janela de quarto de hotel apenas vês gotas de água que caiu sem receio de um céu igualmente sem remorsos. É tempo de voltar a guardar aquela garrafa no meio de umas camisas que afinal já não vais usar por causa das manchas de vinho e aquela camisola velha com a qual ias dormir. A cada passo que dás no corredor tentas ver que aquelas horas, aqueles instantes de falta de controlo têm algo positivo. 

Instantes, devaneios de uma noite qualquer que alguém viveu.

Porque se Lisboa é menina e moça, tu és mulher feita.

Por entre as tuas ruas de encanto único respira-se a tua personalidade, no ar dos que vivem no teu regaço há o orgulho de quem sente ser algo que em nada é igual ao resto do Mundo.
A tua gente não tem comparação. É de ideais, com a frontalidade e garra de quem não se deixa pisar, com a marca daqueles que sabem que são raça e querer e vêem no Porto o seu símbolo, o seu orgulho.
Mulheres de barba rija e homens de peito feito, a imagem já te acompanha desde sempre.

Em ti saboreia-se o cálice de uma vida, espelhado em garrafas que sustentam o vinho cuidado pelas tuas vinhas; À mesa és inigualável quando queremos o que é só teu: a francesinha. Revestes-te de diversidade, onde o Moderno encontra o Vintage e onde o luxo se encontra com o lazer mais comum. Crias o cenário para noites únicas nas tuas Galerias, mas deixas espaço para o descanso e tranquilidade nos teus Jardins num Palácio de Cristal.

Não dá para descrever como te unes de modo solene a Gaia, casamento eterno e sem par num compromisso marcado por aço e rio que é de ouro, digno das sempre eternas fotografias que quem observa tal abraço não passa sem registar.

Beleza intocável, impossível de ser retocada. Mexer em ti é heresia, atentado a tudo que essas tuas paredes que ostentas depois de tantos encontros, desencontros, amores e dissabores que viste passar.

Isto é o Porto.
E não podia ser de outra maneira.

Devo-te algo.
Não é algo palpável, que possa ser comprado como alguma lembrança comum. Devo-te o que sou.

Cresci contigo como painel de fundo, em tempos bem mais simples e fáceis desta vida. Foste testemunha do meu amadurecer, do dealbar da minha personalidade.
Fiz amigos rasgando a timidez de quem se quer aproximar, travei batalhas com a bola (sempre diferente, consoante os rasgos e furos) como arma enquanto carros, passeios, pedras da calçada, postes e portões compunham o estádio de todos os nossos dias.

Aprendi valores. A vencer, a partilhar, a ser maior, a saber perder, a engolir o orgulho em prol de algo mais forte e a saber liderar. No teu ambiente todos os conflitos saravam onde começavam. Era ali que tudo se fazia desde o partilhar de um lanche num convívio tranquilo até ao separar de dois "arruaceiros" de ego inflamado que teimavam a chamar a si o privilégio de ser o Rei do pedaço de alcatrão onde pisavam.

 Foi no teu reduto que comecei a perceber o forte encanto do lado feminino. Elas passavam inocentemente, os primeiros "olás" eram de ouro, tentavas chamar a atenção para que fosses o alvo de um simples sorriso ou aceno e via juras de amor juvenil e sem pensamento profundo cair em saco roto para que a desilusão de um "não" delas criasse a desilusão, sabor a provar por entre a beleza que desfilava.

És aprendizagem com lições únicas.
De ti vou levar sempre a escola de quem tem os seus valores vincados , de quem traz consigo os amigos de rua. Vou continuar a crescer, a somar ensinamentos mas sempre que passo pela rua que me criou não posso deixar de sorrir.
Foi lá onde tudo começou.

 
Chamo-lhe bonita. Chamo-lhe única.

Porque outros elogios simplistas e de fácil percepção são fracos de sentido e não a contemplam como ela merece.

Bonita porque sem esforço faz iluminar o espaço, faz parar o tempo, faz-te repensar a imagem do que seria uma mulher pela qual lutarias e querias estimar para o resto dos dias. Bonita como uma obra de arte que não é perceptível a todos, pedaço de céu e inferno que muitos anseiam por ter.

Assim, do seu jeito jovial que esconde uma maturidade de quem viveu o suficiente para pedir mais de quem aí vem, cria a vontade de seres mais por ela, de viver mais ao seu lado. Bonita como é tira-te o chão vestindo para arrasar em traje de gala ou apelando aos teus instintos e sentidos com uma simples blusa branca entre ganga. Vais querer imagina-la usando a tua camisola numa manhã após a sua companhia numa noite a recordar, mas não está ao alcance de todos, apenas aqueles que podem ver o brilho do seu ser.

É mulher que por entre a sua beleza intocável ri, chora, sente e sonha. É desejo de força espelhado no seu olhar e sinal de alegria na graça do seu sorriso que faz o dia ser melhor.
É encanto para estimar e mimar, amando-a mesmo na beldade das suas tempestades. Sê o que ela precisa, e ela será a beleza da tua vida.

Ela é tudo isto sendo ela apenas, sendo simplesmente bonita.






Não podemos continuar assim, não alastremos mais uma mentira que nem consegue ser bem contada para poder soar a verdade.

Tentamos. Eu fiz tudo para olhar para ti e ver o melhor de mim e quero acreditar que deste voltas à tua cabeça para te mentalizares que eu era aquele que tu sempre quiseste contigo. Mas não é assim. Todos os sonhos que criamos, toda a imagem que tínhamos, tudo desvaneceu no tempo e nas incertezas que fomos amealhando. É complicado ter de olhar nos olhos de alguém que víamos como única e nossa e não ter a mesma empatia, o mesmo querer … o mesmo amor, como tu o defines.

Eras tu. O que eu precisava, quem eu mais queria. Era assim que pensava todos os dias. Mas depois de tudo vejo que não é justo estarmos a alongar a situação que só nos traz tristeza e nos prende a uma realidade que não existe. Já não és minha, nem eu sou teu. “É o destino, não estava escrito”, seja qual for o cliché que quisermos usar pouco vale para cobrir o momento que tem de chegar.

Dou assim o primeiro passo. Até o mundo parece mais triste, ou não fosse a chuva que reina lá fora a compactuar com os meus sentimentos. Mas não façamos disto uma façanha de Hollywood, com drama. É pelo melhor, porque mereces ser feliz daquele modo que eu vi quando nos conhecemos. Eu saio para aprender, para perceber o que pode ser melhorado. Quem sabe se o Mundo não gira e te volto a ver. Agora o mais importante é sair.

Por isso saio com o que é meu, mas deixo um pedaço meu contigo, nem que seja uma singela memória. Enfrentemos então agora a tempestade que se faz la fora, cada um com o seu abrigo. Até um dia minha princesa.



Ela ali está, para que o mundo a contemple.
Mas que se desengane os sábios de uma vida que vêem aquele corpo calmo e sereno envolto de uma vida humana, pois não há mão forte que chegue para a puxar, nem charme deste mundo que a faça descer das ondas e marés divinas onde é rainha.

É desejo de homem, é sonho de deuses.
Beleza única que nos congela, munida de um sorriso que condena noites em que só a sua imagem nos surge ao invés de um comum sono. Questiona-se assim como alguém nos pode aparecer sem que possamos tirar partido dela, como algo tão próximo nos é inatingível. É pedaço de utopia numa realidade mundana.

Porque é intocável, mulher a quem o mundo não é mais que terreno, paisagem e cenário para a sua vida. É senhora de si, que não cai nos jogos da rotina nem do engate fácil, a quem ser conquistada vai requerer mais do que flores e elogios adocicados com boas intenções. Tens de ser diferente, especial aos seus olhos para estares no seu mundo, para teres a tua chance. A hipótese de uma vida, para mexeres e fazeres parte de um mundo divino.

Se fores o escolhido vacilar não é opção. Ela abriu o seu oceano para que pudesses navegar, foste escolhido para mergulhar, para sentires as ondas do seu ser, de tocares uma essência e um ritmo, de te afogares no tempo que passas na sua companhia.
Se foste o escolhido não pares e sente o topo do Mundo. Trata o intocável como a mulher única que é, porque ter algo assim não é para o comum mortal.

Se tens o intocável ao teu lado, vive para lhe mostrar o quanto é especial ela ser assim.



Eles “andem” aí e não há como contornar (a sério, as vezes param em grupos e para os passar à frente é uma complicação). A febre do Pokemon Go atingiu Portugal em força. É praticamente impossível andarmos uns bons metros ou andar em transportes públicos e não vermos alguém a procurar um Pigeon ou um Charmander que de repente o GPS do telemóvel acciona.

A seguir dou alguns ContraPontos sobre o que o Pokemon Go traz para a nossa sociedade e algumas destas dicas até podem dar o seu jeito. Portanto, a saber:


  1.   Com a chegada do Pokemon Go aos telemóveis os pervertidos passam mais despercebidos. Agora há mais gente a olhar atentamente para um ecrã de telemóvel sem que se esteja a ver o Tinder, ainda que em ambos os casos se procurem muito as Pokebolas ….
     
  2. “Pokemon GO: Agora podes apanha-los todos”. Parece o lema de uma rapariga na noite.

  3. ·         O Pokemon Go promove ao seu estilo que aqueles familiares gordos surpreendam a malta e saiam por iniciativa própria da cadeira do quarto. Desta vez é para tentar apanhar um Caterpie e não para ir ao supermercado comprar batatas e RedBull para enfardar.

  4. ·         O jogo consiste em, quem tem a app, possa ver algo imaginário a capturar mas que aparece no cenário real. É como ser sportinguista e falar dos mais recentes títulos, só eles é que vêm para dar importância.

  5. ·         Com o Pokemon Go tanto homens como mulheres ganharam trunfos no que toca a gerir uma relação. No que toca aos homens surge o “Amor, vou com a malta para as Galerias de Paris para apanhar Pokemons” ou “Cheguei tarde porque o Fonseca viu que havia um Ratata num bar”. Para as mulheres fica o “Se soubesse tinha escolhido como namorado um Pokemon que soubesse evoluir” ou “És mesmo um Snorlax! Uma pessoa pensa que é fofinho mas não serve para nada”.

  6. ·         O objectivo deste jogo é capturar, evoluir e vencer outros em desafios. Ou seja, é uma relação mas com uma app em vez de ser com uma pessoa com a benesse de poder desligar o telemóvel e poder procurar noutro lado o mesmo Pokemon.

  7. ·         Apesar de ser recente já se fazem meetings de jogadores de Pokemon Go. Concentração de Motards? Isso é para meninos. Se não houver um Boulbasour envolvido nem te podes chamar de “badass” agora.

  8. ·         Há dois meses se saísses de casa e dissesses “Mãe, vou para a rua apanhar Pokemons” era logo internado. Pensa na sorte que tens agora jovem. (se bem que se não explicares bem aos teus pais não te deves safar ao internamento e dentro de paredes almofadas não devem aparecer muitos pokemons).

  9. ·         Com o Pokemon Go ganhas a oportunidade de apanhares pokemons raros em locais pouco prováveis como na auto-estrada. Ganha logo outro calibre se o tentares fazer enquanto conduzes enquanto olhas para o telemóvel. Aí ganhas um Metwo e um traumatismo craniano depois de te espetares.

  10. ·         Se o teu momento alto é quando apanhares um Pikachu e quereres entrar em histerismo entre amigos em pleno sitio público  pelo feito conseguido, pensa bem no ContraPonto nº 8. É que vai ser certinho.

  11. ·         Com isto do Pokemon Go devia ser criada uma lei que nos permitisse poder agredir fisicamente com um ferro qualquer grupo de malta jovem que, por sem motivo aparente, de repente pára para apanhar um Pokemon. O mundo, e as pessoas com vida fora de uma app, agradeciam.

  12. ·         Aguardo com alguma ansiedade que algum iluminado use isto dos Pokemons para tentar frases de engate, numa de utilizar a “trend”. Por isso espero pelos “oh jeitosa, metia-te nas minhas pokebolas que era um mimo” ou por “deves ser do tipo eléctrico, porque contigo fazia logo faísca!!”.


E assim termino o meu ContraPonto sobre toda esta moda que é os Pokemons. No decorrer da criação deste texto é coisa para já teres apanhado 3 ou 4 e ainda ter encontrado um ginásio para evoluir um Jigglypuff.