por Daniel André Teixeira'

Nostalgia

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Foi o meu “menino”, invenção de uma tarde solarenga, ideia de quem acreditou que podia criar algo diferente usando as suas ideias para o mundo ver. Como se não fosse suficiente tal loucura, outros cinco bravos juntaram-se a mim e ficaram até ao (meu) fim.

Muito mais do que palavras o Crónicas em Branco era o espelho de quem escrevia, era pedaço limpo e tela para que nós criássemos o cenário e a opinião que queríamos. Humor, seriedade, sátira e palavra feia. Armas de quem via o mundo e o dava a conhecer a seu bel-prazer. Não era projecto de massas, de autógrafos na rua ou digno de referências loucas, não tinha de o ser. Era nosso e de quem o via e isso bastava.

Apelidá-lo-ei sempre como “nosso” porque todos que estavam no painel eram importantes. Personalidades fortes, capazes, inteligentes … tinham tudo para ser os eleitos para isto. Muito ou pouco iam contribuindo, iam aceitando as loucuras de quem pedia um texto, um vídeo, algo fora do habitual. Sei que alguns alinharam pela amizade que existe, mas que não existam dúvidas que há talento latente em cada um e que está patente nas criações ao longo dos anos. Ainda tenho a determinação de os juntar à mesa para um convívio que tem tudo para ser alucinante, digno de lembranças posteriores.
Faríamos com que fosse memorável sem dúvida.

Tenho ainda aquela vontade que vem de dentro para ir rever. O que foi feito, os sketchs que mesmo sabendo os textos de cor ainda me soltam gargalhadas, o trabalho e palavras que todos fomos deixando. Alegra-me ver que, de vez em quando, uma brava alma vai e deixa mais um toque no Crónicas. Sei que se qualquer um deles tomar conta do “menino” estará bem entregue. Nada me deixaria mais orgulhoso em ver o Crónicas chegar a outro nível, mesmo eu estando do lado de fora.

A decisão de sair do Crónicas foi das mais difíceis que tomei. Senti que já não conseguia ter o mesmo peso e dar ao espaço o empurrão para o próximo passo. Foram cinco anos, criaram-se bases, mas eu já não era o “tal” para liderar. Peço desculpa se desiludi alguém com a decisão, se ficou algo a dizer ou até mesmo se a minha saída soou a repentina sem direito a voto alheio. Acreditem que foi penoso, mas necessário.
 Ele, o espaço, não morreu, e isso é o mais importante. Admito voltar, um dia, a arriscar pintar naquela tela que já foi minha e que os meus bravos estejam comigo. Talvez um dia voltemos a dar um brilho ao Crónicas, aquele que todos queríamos que ele tivesse e fazer aquilo que ainda falta mostrar ao Mundo.

Para já fica a nostalgia de quem seguiu em frente e deixou o seu “menino” bem entregue.
O ContraPonto se existe é por causa do Crónicas, foi o seguimento de uma vida, o virar de página. Um dia voltaremos a encontrar-nos, prometo.

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