por Daniel André Teixeira'

Amizade

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Texto de Francisco Baião

Quando, há umas semanas, fui desafiado pelo meu amigo Daniel Teixeira a escrever, com tema livre, para o seu projeto, desde logo me veio à ideia falar sobre amizade. E o tema é tanto mais curioso, e talvez também por isso me tenha vindo logo à ideia, pois, apesar de já termos conversado sobre uma série de assuntos, eu e o Daniel não nos conhecemos pessoalmente.

E então decidi refletir um pouco sobre o tema: será possível uma amizade sem o conhecimento pessoal? Em teoria, diria prontamente que não. Uma amizade é algo que se cultiva e que se cimenta em momentos vividos a dois ou em grupo, é algo que, como bom alentejano que sou, se solidifica à volta de uma mesa com um belo petisco, com momentos que ficam, para sempre, nas nossas memórias e é, também, algo que, para crescer, para além de ser “cultivado” tem de ser “regado”. E essa “rega” não será mais que, periodicamente, reunir com os amigos, conversar com eles, partilhar os bons e os maus momentos, ter a palavra certa no momento exato ou, muitas vezes, ter aquele silêncio quando não nos apetece ouvir nada nem ninguém mas em que precisamos de desabafar.

Mas, e então onde entra o meu amigo Daniel Teixeira nesta equação, uma vez que não nos conhecemos pessoalmente? O Daniel entrou na minha vida como muitas outras pessoas, pela porta do futebol, não do jogo jogado mas do jogado falado/comentado. Partilhámos alguns momentos de grande emoção por vermos um projeto comum sair do anonimato até chegar a um reconhecimento enorme a nível nacional e até internacional, assim como momentos de tristeza e quase depressão pelo fim desse mesmo projeto. Mas se foi o futebol que nos juntou, não foi só isso que nos uniu: depois do futebol, vieram as conversas sobre a vida pessoal, sobre as pequenas vitórias do dia a dia, ou das grandes derrotas que a vida nos prega. Lembro-me, por exemplo, de ele ter sido um dos meus “ouvintes” quando, por duas vezes, perdi um filho durante a gravidez da minha mulher e, também me recordo, de ter sido dos poucos a quem informei estar a caminho do hospital no dia em que nasceu o meu pequenote. Nesses momentos, mais do que falar com aqueles amigos “de sempre”, apeteceu-me falar com alguém que não conhecia pessoalmente. Foi quase como que “escrever no meu diário” mas contando com o apoio do “livro em que escrevia”.

E então, volto a repetir, onde entra o meu amigo Daniel Teixeira? Entra na categoria dos amigos, disso não tenho dúvidas, talvez de um amigo “diferente” por não o conhecer pessoalmente, mas, certamente, um amigo.

Posto isto, resta me agradecer ao meu amigo virtual por aquilo que já partilhámos, aguardando que, um dia, nos possamos conhecer pessoalmente, à volta de uma boa mesa, para, assim, à moda alentejana, “selarmos esta amizade”.

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