por Daniel André Teixeira'


A vida pende sempre para ser injusta.
Uns dizem que faz parte, que traz aprendizagens e lições que a cada batalha que travas te tornam melhor.

Ter-te na minha vida provou o contrário: não sei o que é ser melhor sem te ter por perto. Num momento em que batalho por tudo nesta vida, sem esperar despojos de vencedor, sei que não consigo batalhar por ti e isso corroí-me.

Toca-me saber que não posso e não devo pensar, que seguiste em frente, que estás bem e que pareces sorrir com a vontade e felicidade que mereces. O tempo vai andando, há momentos que vão passando mas há sempre memórias que mexem quando acordo ou quando me recordo de ti. Não é algo mau, pelo contrário. És a prova que podemos estar felizes, que podemos ter alguém com quem nos revemos e podemos ser melhores.

Ainda tremo, sei que não consigo ser o mesmo se te tiver que falar, continuo refém de um sentimento que me ultrapassa. Aprendi a viver com isso, com essa sensação de estar incompleto. Com tudo o que me rodeia nem devia ter tempo para pensar direito, mas vejo-te ainda por vezes porque não tenho dúvidas que com o teu toque ou com as tuas palavras seria um guerreiro diferente.
Ganharei nesta vida, mas sei que há momentos em que a vitória vai saber a pouco, porque não temos braços para quem voltar para ser mais saborosa.

Não sou digno de te pedir atenção, porque sou de palavra como te prometi. Não faço parte da tua vida e não posso pedir para voltar. Compreendo isso e continuo assim a zelar de longe para que continues a ser a mulher que me encantou e que certamente encanta outros. Não deixamos de ser amigos, quero eu acreditar, apesar de nada ser como foi antes. Contigo aprendi, cresci, criei cicatrizes e olhei para o caminho com outros olhos, mas nunca deixei de me questionar se estavas bem, mesmo longe como ficou estabelecido entre silêncios. Talvez um dia nos sentemos de novo, para uma conversa entre sorrisos e gargalhadas, como outrora. Quem sabe ...

Faltas-me, mas sei que é pelo melhor assim.

Um som que inquieta os sentidos entre o silêncio de um pensamento.
Um timbre que teimas em querer ouvir sempre.

Mulher de ritmo, segura como uma balada que nos eleva, que nos deixa rendido. Cada palavra parece digna de pauta de uma música que não nos deixa respirar a cada passo que dá. Vai mexer contigo, rolar e acelerar a tua cabeça. Porque foi para isso que foi feita, porque não podia ser de outra maneira.

As curvas do seu corpo são como os instrumentos que dão forma à melodia que jamais vais querer largar. Como quem faz magia nas teclas de um piano, ela vai criar sons que te vão tocar, que te vai fazer sentir parte de uma sinfonia que parece feita para os dois. Queres ser o auditório que aplaude e vibra, queres ser parte daquele misto de sons que se torna intemporal.

Impossível de esquecer, constante na nossa mente.
Figura melódica, sonoridade que só apetece tocar, sentir com os nossos dedos, mas que nos é inatingível, ou não fosse quase divina.

A prova que uma melodia pode ser tudo o que pedimos dela, sem que tenha uma única palavra declamada: Bela, desejável, sedutora, uma utopia para os sentidos de um simples mortal que a ouve e a quer como sua.

Que me dizes em ser a minha melodia esta noite?


Duas semanas. Duas longas semanas. E duas semanas separam 10 milhões de 90min. Apelo à razão para fazer estas contas, mas à emoção quando o momento chegar. Portugal está quase a iniciar a sua caminhada no Euro 2016. Infelizmente, olho para 2004 e penso onde andará aquele sentimento que não mais senti desde então…

A 14 de junho, a nossa chama terá de ser suficiente para descongelar o frio da Islândia. No entanto, é com alguma pena que o digo: falta um pouco de Euro 2004 agora em 2016. Os tremoços e as cervejas numa mesinha que separa um grupo de amigos duma televisão de 32 polegadas. As bandeiras em cada janela, criando uma corrente de energias positivas que empurram um país inteiro para a frente. A varanda aberta. O pôr-do-sol durante um prolongamento. O festejo nas ruas como sobremesa, depois duma vitória num qualquer jogo ter servido de prato principal.

Confesso: não sei o que se passou. O futebol modernizou-se e “desclassicizou” os jogadores. Sinto saudades do carisma do Figo, das caneleiras para baixo do Rui Costa, da liderança do Ricardo Carvalho. Até da surpreendente “panenka” do Postiga, da arma secreta Nuno Gomes ou da magia de Deco. Choro mais que Eusébio, após a vitória frente à Inglaterra, quando penso que a industrialização desta arte encheu os jogadores de manias. Vivo bem com a vaidade de Ronaldo, a raça de Pepe ou o espírito altruísta de Moutinho. Mas não são cromos para a minha caderneta da Panini que eu, em criança, trocava na escola. Tampouco me passam a ideia de união, de que eu “convivo” com eles, mesmo estando deste lado da televisão.

Falta entusiasmo. Temos de trazer o “#SomosPortugal” do Facebook para o “Somos Portugal” na rua, de colocar as bandeiras na varanda novamente, de fazer soar gaitas e vuvuzelas! No fundo, talvez nos falte o grito de guerra do “Sargentão” Scolari, para abanar a estrutura na folha de papel do Eng.º Santos. Porque nem sempre o futebol é explicado, mas sim sentido, com convicção o digo: que saudades de Scolari…

Com contas iniciei e com contas terminarei este meu desabafo: será possível, nestas duas semanas que restam, regredir 12 anos para resgatar aquela “Força”, entoada pela Nelly Furtado, e trocar pela canção de embalar do Pedro Abrunhosa? Eu acho que sim.

"NOTAS DE UM KLOPP"


Está quase, sentimos a ânsia. Vamos lá estar mais uma vez. 

Em palcos franceses contamos com os nossos 23 que levam com eles a nossa vontade, esperança e querer vencer. É nestes momentos em que o futebol, por muito supérfluo que possa por vezes ser, cria um sentimento de união que é difícil de explicar.

Já passou o tempo de comentar decisões e convocatória, quando a bola rolar aqueles são os nossos para o que der e vier. Juntos e com os olhos nas TVs vamos vibrar a cada bola dividida, a cada remate que ressalte num poste ou num adversário e gritaremos com os golos que esperamos dos nossos artistas. Contamos com vocês, acreditem que levam com vocês um país que desde 2004 tem vindo a acreditar que podemos trazer o caneco e reinar na Europa. 

Mesmo que desconfiados não tenho dúvidas. De novo, como um reacender inato quando realmente gostamos, vamos encher restaurantes, esplanadas, parques, vamos munir-nos de amendoins, tremoços e aquela cerveja fresquinha que dá o combustível para que nunca nos deixemos ir abaixo. Vamos juntar os amigos e criar estádios em salas de estar e querer cantar o hino antes da bola rolar. Nós não vamos deixar de estar com vocês, só queremos a reciprocidade e a mesma fome pela vitória vinda dos relvados franceses que pisarem.

Somos um país que teima em sonhar. Somos alma, sofredora e trabalhadora e queremos espírito de conquista. Sofremos por vocês quando em 2014 vimos uma sombra do que podíamos ser num momento em que o Mundo olhava para aquilo que fomos incapazes de fazer. A Selecção é muito o espelho do que somos: um misto de experiência e juventude que junta assim a tarimba que muitos possuem com a irreverência que outros estão ansiosos por mostrar (para não falar de um tal de Cristiano Ronaldo que ostenta no braço a capitania desta nação em campo).

Está quase, sentimos a proximidade do momento.
Estaremos com vocês, ganhem por nós.

Daniel André Teixeira, ContraPonto