por Daniel André Teixeira'



Sempre fui o mesmo.
Selvagem, lunático e imprevisível neste jogo da vida que é o amor.

Regras sempre foram alíneas, regulamento que me dizia pouco. O trajecto era conturbado mais ia acumulando vitórias, conquistas entre algumas cicatrizes consequentes deste jogo. Era eu e o Mundo como paisagem a desbravar para as minhas aventuras.

Por entre intermitências do meu viver apareceste tu, do nada e ao de leve como aqueles toques de consciência que a vida nos traz. Devagar conquistas um espaço que fazes teu de um jeito que me encanta. Pareces ser aquela que me sossega, me toca e me faz diferente.

Entres as corridas e curvas que tenho feito, contigo a solução parece estar mesmo ali. Fazes com que seja mais capaz, para te ver bem, para te ver sorrir. Com ritmo te vou mostrando o meu mundo e parece cada vez mais que já devias fazer parte dele. Quero caminhar contigo, criar a história que merecemos.

Toma conta de mim, não me quero perder mais. Mas se me perder que seja contigo.

Lembro-me de há dois anos atrás ter escrito um texto de semelhante identidade, para um site de futebol, olhando para uma mesma imagem. Sinto-me em pleno deja-vu.

Esta tarde o Benfica sagrou-se pela terceira vez consecutiva campeão nacional. Deixando essa comichão clubística de parte e que poderia facilmente trazer travos na boca, ou até falar do jogo da mala (que pelos vistos vai acumular para a próxima temporada), vou apenas focar-me na situação que os portistas estão a atravessar neste momento e que nos é estranha: Pelo terceiro ano não alcançamos o maior lugar do pódio.

Hoje, para quem vive o futebol e se sente portista, foi um dia ingrato.
Vencemos a última etapa ontem, logo de manhã para parecer fresco, e no dia das decisões vimos que o caneco de um modo ou de outro não sairia de Lisboa. Mais uma vez aquela corrida não foi nossa. Ao invés de atacarmos quem a percorreu e saiu vitorioso (para não falarmos também das picardias lisboetas com Jesus pelo meio), é necessário olhar para dentro e questionar se é este cenário que se vai compôr no Marquês dentro de algumas horas aquele que queremos ver no próximo ano.

Voltamos a ser suaves, pequenos na ambição, casmurros no ideal e no fim saímos no terceiro posto. Tivemos deslumbres espanhóis, um tiki-taka sem remates, estrelas sem talento para os momentos de decisão e uma passadeira em forma de defesa. Por entre pequenos encantos em vitórias em palcos importantes, o desalento e falta de querer custou-nos caro. Falhamos redondamente um ano que supostamente seria de revolução. Acabamos esta maratona com a ideia que muito está mal e que essa tal vontade de revolucionar terá de ser uma necessidade a fomentar no próximo ano.

Mesmo que ainda tenhamos uma final (imperial) para ganhar, é este o momento que temos de focar. Sou da ideia que devemos olhar para o sucesso dos outros. É olhando para o que eles fazem, perante a nossa inércia, que podemos ir buscar motivação para mostrar que somos capazes de ser melhores e estar à altura da situação (à imagem do que André Villas Boas fez no FC Porto). Nunca apelando à agressividade ou à resposta menos elegante, mas com trabalho e vontade em campo. No próximo ano tem que ser diferente: Toquem no que for necessário, mas que possamos olhar para a TV (ou ver no estádio) onze indivíduos a viver a camisola azul que ostentam. Que se dispense quem não quer, que se venda quem não sente e que se tragam aqueles que querem dar tudo pelas conquistas e vitória final.

Parabéns ao Benfica pelo campeonato amealhado e congratulações ao Sporting pelo photo finish. Mas esqueçam as ilusões de um Porto apagado. Este é um deja-vu que não queremos repetir.


Como os brasileiros dizem, “deixa pra lá”.

Esquece o trânsito, as horas de espera. O tempo de desassossego e a caminhada rotineira. Deixa de penar as horas de sono mal dormidas, as companhias mais escolhidas, os problemas de uma viagem diária que teima em assumir traços semelhantes a cada dia.

Esquece os dilemas, os problemas, as querelas e os conflitos. A falta de fome e o remoer de estomago, as preocupações que te tiram do sério. Põe de lado as pressões, os números e os avisos de cima, aqueles momentos de respiração funda de como quem só quer que aquilo termine.

Dá um descanso à tua mente e deixa passar os “nãos” que as 24h de cada dia te possam querer dar, entre as voltas que o teu cérebro vai querer dar por opções menos válidas e decisões menos correctas e que também não podem ter peso.


Tudo isto fica para depois, porque agora tudo pára.
Fica para depois porque estou contigo.


Serei o tal, aquele que te completa.

Que te vai irritar e fazer com que adores a sensação.

O toque que te reconforta, o momento ideal em forma humana, o pedaço de ti em corpo diferente que nunca vais dispensar.

Teu canto, teu desabafo, teu traço misto de emoções.

Aquele que te conforta, que não te negará os deleites que pedires e que te faz sentir como sempre quiseste que fosse.

Companheiro de toda a dança de uma vida, solo musical se fores o auditório pronto para aplaudir ao teu ímpeto.

Serei teu prazer, tua garra, teu orgulho, teu porto seguro.

Confia em mim.

Panamá Papers.
Uma fuga de informação que revela listas de nomes de políticos e outras figuras com poder em todo o mundo que desviaram dinheiro para contas offshores. Era só juntar o nome de José Sócrates à mistura e os jornalistas do Correio da Manhã entravam em êxtase diário com tamanha alegria para o “jornalismo” que fazem.

Sim, é verdade. Há malta poderosa que desvia dinheiro (por vezes público) para seu próprio proveito e esconde em paraísos fiscais. Eu sei, é difícil de acreditar. Quem diria que havia corrupção hein? Aconselho um copo com água com açúcar para poder assimilar a notícia.

Agora esta malta vai sendo descoberta em listas para o Mundo acompanhar. Equivale às convocatórias que há no futebol antes dos Europeus e Mundiais: esperamos sempre os grandes nomes e ficamos desiludidos em não ver outros que também têm o talento para “desviar” e também mereciam lá estar.

Metade de Portugal nem sabia onde era o Panamá (com jeitinho ainda não sabe), mas se há portugueses envolvidos é coisa para chamar a atenção. Nunca tivemos tanta vontade de ver amigos envolvidos num escândalo. Este é daqueles que vale a pena ligar e questionar a malta “olha, por acaso não tens conta lá para os Panamás não?”.

Com a velocidade com que as listas de nomes vão saindo dentro de pouco tempo não estar envolvido vai ser algo difícil de aguentar perante a sociedade. “O Pacheco já está na lista lá da malta do dinheiro. Acho que tinha uns 500 paus lá metidos e lá entrou no sistema. Já falei com a minha velhota e pedi que a mesada fosse já para o Panamá a ver se também sou capa no Expresso”.

Pela primeira vez podes estar numa lista onde apareces por realmente teres dinheiro e não porque te estão a pedir dinheiro.


Panamá Papers: Desviar dinheiro para que se possa aprender geografia para escolher uma boa offshore.

Solitário, mas inteligente.
Belo com a dose certa de ferocidade.

Pelos trilhos dos vales, entre chuva e dias onde o sol impera ele caça solenemente.
Olhar nocturno e audição sempre hábil, capazes de fazer do caminho o seu destino.

É senhor do seu mundo, conquistando presas e passadas enquanto os anos lhe deixam algumas cicatrizes. Não o vemos queixar, é orgulhoso ao ponto de lamber as feridas em silêncio pronto para mais caçadas e deixar clara a sua marca.

Perante a polivalência do mundo ele continua a ser camaleónico e com a força de querer dominar cada sistema. Ágil, rápido, capaz e com uma investida digna de topo de cadeia alimentar. Um monstro dentro da beleza de quem o contempla.

Por entre a dentada sem piedade de quem protege e o orgulho que faz dele solitário por legado há o carinho pelas crias, sangue do seu sangue, onde rapidamente passa a lição da vida que estes jovens predadores têm pela frente.


 Na selva é dos predadores que rezam os maiores legados. A prova que algo selvagem, fixado nos seus princípios, pode conjugar em si a formosura e a fera enquanto cria as suas pisadas. Sozinho e indomesticado, como só ele sabe ser.