Lembro-me
de há dois anos atrás ter escrito um texto de semelhante identidade, para um
site de futebol, olhando para uma mesma imagem. Sinto-me em pleno deja-vu.
Esta
tarde o Benfica sagrou-se pela terceira vez consecutiva campeão nacional.
Deixando essa comichão clubística de parte e que poderia facilmente trazer
travos na boca, ou até falar do jogo da mala (que pelos vistos vai acumular para a próxima temporada), vou apenas focar-me na situação que os portistas estão a
atravessar neste momento e que nos é estranha: Pelo terceiro ano não alcançamos
o maior lugar do pódio.
Hoje,
para quem vive o futebol e se sente portista, foi um dia ingrato.
Vencemos
a última etapa ontem, logo de manhã para parecer fresco, e no dia das decisões
vimos que o caneco de um modo ou de outro não sairia de Lisboa. Mais uma vez
aquela corrida não foi nossa. Ao invés de atacarmos quem a percorreu e saiu
vitorioso (para não falarmos também das picardias lisboetas com Jesus pelo
meio), é necessário olhar para dentro e questionar se é este cenário que se vai
compôr no Marquês dentro de algumas horas aquele que queremos ver no próximo
ano.
Voltamos
a ser suaves, pequenos na ambição, casmurros no ideal e no fim saímos no
terceiro posto. Tivemos deslumbres espanhóis, um tiki-taka sem remates,
estrelas sem talento para os momentos de decisão e uma passadeira em forma de
defesa. Por entre pequenos encantos em vitórias em palcos importantes, o
desalento e falta de querer custou-nos caro. Falhamos redondamente um ano que
supostamente seria de revolução. Acabamos esta maratona com a ideia que muito
está mal e que essa tal vontade de revolucionar terá de ser uma necessidade a
fomentar no próximo ano.
Mesmo
que ainda tenhamos uma final (imperial) para ganhar, é este o momento que temos
de focar. Sou da ideia que devemos olhar para o sucesso dos outros. É olhando
para o que eles fazem, perante a nossa inércia, que podemos ir buscar motivação
para mostrar que somos capazes de ser melhores e estar à altura da situação (à
imagem do que André Villas Boas fez no FC Porto). Nunca apelando à
agressividade ou à resposta menos elegante, mas com trabalho e vontade em
campo. No próximo ano tem que ser diferente: Toquem no que for necessário, mas
que possamos olhar para a TV (ou ver no estádio) onze indivíduos a viver a
camisola azul que ostentam. Que se dispense quem não quer, que se venda quem
não sente e que se tragam aqueles que querem dar tudo pelas conquistas e
vitória final.
Parabéns
ao Benfica pelo campeonato amealhado e congratulações ao Sporting pelo photo
finish. Mas esqueçam as ilusões de um Porto apagado. Este é um
deja-vu que não queremos repetir.
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