por Daniel André Teixeira'

Crónica de um Estreante

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O destino por vezes é tão curioso que nos faz pensar se não faz mesmo sentido que assim seja.
A minha estreia no banco de suplentes num jogo oficial levou-me de volta a casa. Depois de começar esta aventura longe, num clube que gentilmente me abriu as portas e acreditou em mim, eis que o calendário mostra que o primeiro passo me levaria a estar perto de onde moro, num local que conheço bem. Que rica coincidência não é?

Ali estava eu, praticamente a dois quilómetros de casa, a criar o aquecimento para os onze titulares da equipa. Na bancada surgiam amigos juntando-se àqueles que mesmo não podendo lá estar me desejaram boa sorte. Do outro lado estavam os que apelidavam de favoritos, a força maior, os que nos viam como carne para canhão para posterior festejo de conquista fácil. De volta ao balneário juntamos a equipa. Entre palestra e silêncios íamo-nos mentalizando da façanha que queríamos atingir. O tempo de falar tinha terminado, era hora de cumprimentar a malta e entrar em campo.

Chegou o momento em que me sentei e ouvi o apito do árbitro. Já não era mais dali, abdiquei de qualquer orgulho que sentia do lugar onde morava, sentia apenas do espírito imbutido do símbolo do clube que me trouxe até ali, fundido com a crença de que era possível o melhor dos desfechos. Vivi cada lance e cada momento com a máxima intensidade como quem torce por fora pelos miúdos que bravamente eram David na batalha contra Golias. Era mais um, a querer desalmadamente chocar os locais e fazer parte de algo bonito para o clube que me deixou testemunhar tal momento e que veio de longe a sonhar com o triunfo.
Lutaram com tudo o que tiveram e o tempo ia passando mostrando que no futebol o estatuto diz pouco para desespero do tal favorito que não conseguia concretizar. E de repente ... GOLO!! Jogada fantástica que termina com a bola no melhor local. Saltei do banco a gritar em uníssono tanto com os outros treinadores da equipa como os jogadores que se congratulavam pelo feito criado. Estava ali o primeiro toque, a pincelada que mostrava que aquela tarde tinha tudo para ser mágica. Era tempo de contrarelógio mas também de mostrar o poder combativo que deixava claro que o golo não tinha caído do céu. Seguiram-se momentos de ansiedade e algum sofrimento mas sempre com o levantar do banco sempre que a nossa equipa ia rumo à baliza para ampliar a vantagem.
Apito final. Na tarde de 1 de Outubro David derrotou Golias.

Vencemos e que ninguém pense que caiu como um presente sem mérito.
Houve trabalho, entrega, vontade e estudo que levou a isto e é esse conjunto de condições que fez deste triunfo uma medalha. Fomos uma equipa em todos os sentidos. Admito o ego, aquando do estudo para este jogo quando aclamei entre amigos que nesta tarde que a equipa ia ser maior e vencer, mas depois do apito final o orgulho é maior pelos guerreiros que estiveram em campo e tornaram real a minha "profecia". Esta é uma conquista que traz honra, mas que tem de servir de motivação para o que ainda vem aí. Para aqueles que não acreditavam, que já apelidavam de jogo de "saco cheio" e que a nossa suposta pequenez era desvantagem fica o resultado, fala por si.

O destino por vezes é tão curioso que nos faz pensar se não faz mesmo sentido que assim seja.
Vencemos em minha "casa", na minha estreia, num terreno que conheço bem ... e não podia ter tido melhor sabor.

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