por Daniel André Teixeira'






Domingo, 15 de Outubro de 2017.
O que sobejamente podia ser apenas mais uma data foi um domingo que jamais Portugal vai esquecer.

Já tínhamos testemunhado incêndios de grande escala recentemente (Pedrogão Grande não dá para esquecer), mas nada nos podia preparar para um dia como este. O inferno surgiu em todo o país em forma de labaredas. Centenas de fogos assolaram milhares de hectares, estradas foram cortadas e casas destruídas durante todo o dia e noite acumulando feridos e mortos e instalando o caos.

Todos os recursos parecem poucos, todos os esforços perante as chamas surgem como escassos ao ver as perdas. Voltamos a virar-nos para aqueles heróis sem capa que apelidamos de bombeiros que com as suas armas lá vão travando alguns pontos complicados de zona ardida. Aliados a eles surgem os habitantes daqueles que sentem na pele a Natureza a levar o que tanto tempo chamaram de casa.

Enquanto escrevo este texto observo as imagens que surgem na televisão e ouço os testemunhos. A força do fogo não é misericordiosa e leva tudo no seu caminho e ver que a salvação recai em nós, "simples" humanos, contra a impetuosa natureza (fogo e vento) não é uma batalha justa.

Ver o vermelho vivo entre florestas escuras e perceber que a esta hora muitos lutam por sobreviver mais um dia é devastador e desolador. É uma guerra sem vencedor, sem prémio. Esse desaparece no final. Todos os apoios e preces estão com eles e para eles neste momento difícil.

Aguardamos com ansiedade que este tormento pare o mais rapidamente possível. Que estas longas horas de sofrimento (pessoal ou até mesmo alheio) passem para que se possa voltar a respirar melhor. Portugal não merece sentir tal Inferno.