por Daniel André Teixeira'

Entre o Nevoeiro

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A noite gelada, passível de ser igual a tantas outras de Inverno, trouxe consigo um adorno. O nevoeiro caiu sobre a cidade, apenas interrompida na sua poderosa plenitude pelas teimosas luzes de rua e pelas luzes dos carros que rasgavam o manto para seguir o seu caminho.

O frio era bem patente e fazia-se sentir com preponderância, bastava observar um qualquer transeunte que passava na rua embrulhado entre agasalhos que pareciam nunca trazer o calor necessário para o conforto que se queria.

Ele era como eles, mas embutido de uma missão. Entre casaco e cachecol ele tinha uma promessa a cumprir. De olhar fixo lá trespassava o nevoeiro de passo acertado rumo ao destino: o ponto de encontro. Tinha prometido à sua amada que estaria lá aquando a chegada dela, não ia deixar que um mero nevoeiro o quebrasse dessa demanda.

O nevoeiro retocava as ruas planas ao esconder o que vinha mais à frente e fazia das ruas a pique autênticas escaladas onde não vias o cume. Mudava-se assim a paisagem, a seu bel prazer.

Ao chegar, enquanto aguardava por aquele beijo quente da namorada, limitou-se ao silêncio e olhou em seu redor contemplando aquele manto que cobria a cidade. Um adorno tão singelo e simples que fazia tudo mudar, ou os carros não tivessem que desacelerar e as pessoas terem de acertar o passo por tamanha ofuscação vinda dos céus.

Ao fundo a pequena miragem torna-se mais certa e real. É ela que se aproxima do local acordado. Já de sorriso pronto ainda que faltando uns metros para o agarrar, ele já se sente presenteado. Eis que se beijam e aquecem o coração, como é apanágio. De mãos dadas seguem o seu caminho, entre o nevoeiro que serve de paisagem noturna.

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