por Daniel André Teixeira'

Rua

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Devo-te algo.
Não é algo palpável, que possa ser comprado como alguma lembrança comum. Devo-te o que sou.

Cresci contigo como painel de fundo, em tempos bem mais simples e fáceis desta vida. Foste testemunha do meu amadurecer, do dealbar da minha personalidade.
Fiz amigos rasgando a timidez de quem se quer aproximar, travei batalhas com a bola (sempre diferente, consoante os rasgos e furos) como arma enquanto carros, passeios, pedras da calçada, postes e portões compunham o estádio de todos os nossos dias.

Aprendi valores. A vencer, a partilhar, a ser maior, a saber perder, a engolir o orgulho em prol de algo mais forte e a saber liderar. No teu ambiente todos os conflitos saravam onde começavam. Era ali que tudo se fazia desde o partilhar de um lanche num convívio tranquilo até ao separar de dois "arruaceiros" de ego inflamado que teimavam a chamar a si o privilégio de ser o Rei do pedaço de alcatrão onde pisavam.

 Foi no teu reduto que comecei a perceber o forte encanto do lado feminino. Elas passavam inocentemente, os primeiros "olás" eram de ouro, tentavas chamar a atenção para que fosses o alvo de um simples sorriso ou aceno e via juras de amor juvenil e sem pensamento profundo cair em saco roto para que a desilusão de um "não" delas criasse a desilusão, sabor a provar por entre a beleza que desfilava.

És aprendizagem com lições únicas.
De ti vou levar sempre a escola de quem tem os seus valores vincados , de quem traz consigo os amigos de rua. Vou continuar a crescer, a somar ensinamentos mas sempre que passo pela rua que me criou não posso deixar de sorrir.
Foi lá onde tudo começou.

 

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